Vitória
sofrida!
Décio Adams
Num
sábado à noite,
De moto eu andava,
De repente um
açoite,
O farol me cegava.
O impacto foi
forte,
No asfalto eu caia,
Na perna de um
corte,
Abundante o sangue
vertia.
Enfermeira
Fernanda,
Sobrenome não sei,
De mim se
acercando,
O celular lhe
alcancei.
O nome do meu filho,
No topo da agenda
Ao lado do trilho,
De trem encontrou.
O SIATE avisado,
Polícia também.
Em instantes no
ouvido,
Um apito de trem.
Por sorte caíra,
Um pouco aquém,
Do trilho onde
corria
O comboio. Amém!
Hemorragia
abundante,
Perdi os sentidos.
Durante semanas,
Dias seguidos,
Alternava momentos,
Conscientes, semi-conscientes talvez.
À beira da morte
Por mais de uma
vez.
Perna esquerda
amputada,
Para completar,
Infecção generalizada,
E mais uma vez a morte adiada.
Dia doze de
outubro,
Voltei para casa.
Iniciava um
trabalho árduo
De lenta
recuperação.
Vieram consultas e
exames,
Avaliações globais
agendadas,
Até que após meses,
Terapias aprovadas.
Passaram três anos,
Dor, angústia,
sofrimento!
Transtornaram meus
planos,
Sem meu
consentimento.
Foi um tempo
difícil,
Desânimo e
desalento
Foram meus
companheiros
Em muitos momentos.
Com coragem, fé e
esforço
O amparo da
família,
Enfrentei muita
vigília,
Para encontrar o
conforto.
Hoje estou
caminhando,
Uso prótese e
bengalas,
Mas é bom quando,
Sinto os raios do
sol,
A brisa suave, um
perfume de flor,
Em meu corpo
resvala.
A vitória está aí,
Recuperei uma parte
Da minha
mobilidade,
Por graça e por
sorte,
Não tive afetada
A intelectual capacidade.
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