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Museu de Arte Moderna Belo Horizonte. |
MAM de São Paulo. |
O sucesso bate à porta.
Coronel Onofre
arregalou os olhos quando soube do sucesso de vendas dos quadros de sua filha.
Somente os que faziam parte do acervo usado na casa não haviam sido vendidos.
Ele estava com saudades deles. O lugar ficara vazio, parecia despido da beleza
que as pinturas emprestavam ao ambiente. Queria saber quando eles voltariam ao
seu lugar.
Isabel prometeu pintar
outros e colocar no lugar. Depois da primeira tournê de exposições eles
voltariam ao seu lugar e ali ficariam. Haveria novos sendo pintados e fariam
parte de futuras exposições. O valor total das vendas alcançava uma pequena
fortuna. O lucro de uma boa colheita de café não seria suficiente para cobrir
tudo.
- I eu que num pensei
que isso tivesse algum valor! Oia só minha veia! Nossa fia encheu os bolso de
dinheiro de uma única pancada.
- E tem mais por
ganhar. Ela foi convidada para exposições em São Paulo, Rio de Janeiro e até
nos estrangeiro. Maginou!
- Mas ocê vai cum ela,
num vai?
- Quem vai cuidá de ocê
meu veio?
- Uma empregada dá
conta disso.
- Vamo vê isso
adespois. Agora é hora de dar um abraço na nossa fia e valorizar o trabaio
dela.
- Ela podia ficar aqui,
pintar seus quadro. Quanto tivesse bastante, fazia outra exposição e ganhava o
seu. Num é suficiente?
- Mas é um pecado
enterrar ela aqui na fazenda! Ela tem esse tal de Talento. Nem sei dereito qui é
isso.
- Talento? Sei dereito
qui é não. Mas que importa?
Nisso Isabel veio,
guiando seu automóvel novo, comprador com uma pequena parcela do dinheiro ganho
com a venda de seus quadros. O promotor de justiça for a suficientemente inteligente.
Oferecera um bom dinheiro por dois dos mais bonitos e ficara com eles. Lhe dera
pessoalmente os parabens. Desejara muito sucesso.
- Ele falou que espera
me ver brilhar nos museus da Franca, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, e nem
sei mais onde. Não vai sobrar tempo pra pintar mais os meus quadros.
- Proveita pra mode
descansa um tempo. Quando voltar torna pintar tudo novamente.
- Meus dedos estão com
cócegas por pegar num pincel e nos potes de tintas. Vestida assim cheia de
luxo, parece que não sou eu. Quando estou com o avental todo sujo de tinta me
sinto viva.
- O tal José Silvério
falou com ocê direito?
- Sobre o quê pai?
- Uai! Ele tinha pedido
minha permissão pra mode namorar cocê e eu não dei licença. Agora ele me provou
que é um advogado de sucesso, ganha um bom dinheiro e eu permiti.
- E ocê num tinha
falado nada disso, veio! Isso num si fais. As coisa não é mais como era de
antigamente.
- Pra mim é tudo igual.
Mas eu já dei permissão e oceis pode namorá. Não quero saber de agarração nem
coisa do tipo. Namoro longo também num serve.
- Pai! O senhor está
esquecendo que estamos no final do século XX! As coisas não são mais assim. Isso
é coisa lá do seu tempo de juventude.
- Agora tá feito e
pronto. Ele nem reclamou. Aguentou firme e provou que é home de valor. Isso que
é sujeito de fibra sô.
- Que ele é um homem de
valor nós sabemos. Veja o que ele fez com os meus quadros. Não tinha motive nenhum
para fazer o que fez. Foi graças a ele que minha vida mudou. Hoje estou me
tomando uma pintora famosa.
- Eta ferro sô! Mais
aqui em casa tudo continua nas mesmas. Não tem nada de fama.
- Pode ficar sossegado.
Não vamos lhe causar desgosto. O meu namorado é também um cavalheiro. Isso
mesmo, um cavalheiro.
- Quem diria! Chegou
aqui, um devogadozinho meio sem sal nem açúcar e agora é Cavalheiro. Como as
coisa mudaram!
- Vou dar um passeio
pela fazenda. Vai comigo pai?
- Vai de jipe ou de
cavalo?
- Estou morrendo de
vontade de motnar no meu baio. Ele também deve estar com saudades de mim.
- Vou mandar selá os
bicho. Enquanto isso ocê si apronta. Põe uma roupa de montaria.
- Vamos junto mãe?
- Vou cuidar das coisa
pro jantar. Vai você com seu pai.
Isabel foi para seu
aposento vestir uma roupa adequada para montar, um par de botas e o pai saiu
para ordenar a preparação das montarias. Quando saiu o rapaz das baias estava
terminando de selar o baio de Isabel. Em minutos estavam pái e filha montados
deixando os animais a passo, percorrendo os cafezais, nesse tempo verde
escuros, os grãos em crescimento. Os galhos começavam a vergas sob o peso da
carga. Se não houvesse contratempos teriam uma safra muito boa.
Passaram pelo local da
fonte onde ainda havia a cerca por ser refeita no lugar certo e os pés de café
que haviam sido cortados. Logo seria tudo colocado nos devidos lugares. No final
daquela semana se reuniriam diante do juiz para assinarem os documentos para
acertar toda aquela pendenga com Jerônimo. Estava disposto a retirar a queixa
contra o vizinho. Afinal nem sentia mais nada do tiro que levara e não carecia
guardar ressentimentos por uma coisa que ficara no passado. Não sabia se o juiz
iria concordar em aliviar o peso da justiça sobre o vizinho. Aí era uma questão
que não estava em suas mãos.
Enquanto percorriam as últimas
etapas do passeio, o sol atingiu o horizonte. Sentia-se plenamente feliz.
Tivera seus dias de glória durante a exposição e havia um bom tanto deles pela
frente nos próximos meses. Estava com seu pai, passeando pelo cafezal, paisagem
que fazia parte de sua vida e também da arte desde a infância. Haveria uma
semana de descanso antes de iniciar a preparação da exposição no MAM – Museu de
Arte Moderna. Depois já no mês de dezembro seria a vez do Rio de Janeiro.
Estava em negociação uma excursão ao exterior. Projeto para o próximo ano quase
inteiro. Haveria uma ou outra folga para vir ver a família entre as exposições
nos diversos centros mundiais.
Na quinta feira a tarde
Coronel Onofre, José Silvério, Jerônimo e seu advogado encontraram-se diante do
juiz para o acerto final das desavenças. Onofre havia retirado a queixa na
delegacia, mas o juiz não aceitou arquivar o processo. Decidiu ali mesmo que os
transgressores teriam uma pena atenuada, mas não ficariam impunes. Jerônimo
vendo que o vizinho fizera o possível se conformou e aguardou a decisão final
do magistrado. Talvez tivesse uma prisão domiciliar, sendo obrigado a se
apresentar semanalmente ao delegado. Não poderia se ausentar da comarca. Isso seria
ótimo, pois não o impediria de cuidar de sua propriedade. Queria, o quanto
antes, pôr tudo em ordem.
Foi assinado um documento
final sobre a questão da divisa, os pagamentos da indenização, as demais condições
fixadas judicialmente. Qualquer quebra de cláusula pactuada invalidaria o
restante do acordo. Ao sairem da sala do juiz, encontraram-se com o promotor
ele agradeceu a José pela informação. Adquirira dois quadros maravilhosos. Pelo
visto em pouco tempo valeriam uma pequena fortuna. Sabia do convite recebido
por Isabel para expor em São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades.
- O melhor de tudo é
que ela foi convidada para expor na França, Itália, Alemnha, Londres, Nova
York, Tóquio e outros lugares.
- Minha nossa! Ficou famosa
da noite para o dia. Parabens coronel pela filha talentosa.
- Obrigado, doutor.
- O senhorr deve estar
cheio de orgulho. Não é qualquer um que pode dizer que sua filha é uma artista
famosa. Ainda mais na pintura. Os verdadeiros talentos são um tanto raros.
- O doutor aqui que vai
ficar de cabeça quente!
- Mas por quê, doutor
José?
- Ele é agora o
namorado da minha fia.
- Entendi. Vai chover
de gala à volta dela. Se cuida amigo. Falando nisso, podemos jantar amanhã à
noite?
- Podemos, doutor.
- Combinado. Nos encontramos
na esquina da praça e vamos naquele restaurante em frente.
- Às oito?
- Está ótimo.
Despediram-se e
retornaram ao escritório. Ali Isabel estava a espera. Fora falar com o agente e
na volta sentara para esperar pelo pai. Ela viera dirigindo em seu automóvel e
voltariam para casa. Quando os dois chegaram, ela perguntou:
- Tudo em ordem pai?
- Tudo sim, fia. Está
tudo resolvido. Vamo vive em paz com as vizinhança toda. O único que tava dando
trabaio tomou jeito agora.
- Que bom. Como está
José?
- Muito bem. Vocês poderiam
ficar para jantar comigo. Fui convidado pelo promotor e vai ser hoje à noite.
- Nós vamos para casa.
A mãe vai ficar preocupada. Depois vocês devem ter seus assuntos a conversarem,
principalmente depois daquele caso famoso.
- Não vou insistitir.
Teremos ocasião de nos encontrar em outros dias. Domingo vou almoçar em sua
casa.
- Tamo combinado, José.
Nóis vamo ino.
Deram adeus e em
minutos estavam percorrendo sob um sol ainda forte a distância que os separava
da fazenda. Ainda com o sol alto chegaram em casa e encotraram tudo na mais
perfeita paz. Dona Maria Luisa apareceu na varanda e ficou esperando os dois
desembarcarem e virem sentar-se à sombra. O ar ainda estava morno do sol da
tarde. Trouxe-lhes um refresco que eles beberam com gosto e agradeceram. Depois
de um tempo sob o sol forte, era coisa excelente sentar à sombra e beber um
refresco bem geladinho. Bendita invenção de alguém a tal geladeira. Primeiro
haviam tido uma à querosene, depois a gás e por fim, uma elétrica depois de a
energia chegar à propriedade.
O jantar foi cheio de
conversar interessantes. José ficou sabendo de várias fofocas que corriam nos
bastidores do forum. Nada grave, apenas pequenos mexericos, uma ou outra
infidelidade conjugal de alguém e assim por diante. Habitualmente discrete, José
ouviu tudo, sem intenção de fazer uso inadequado das informações que estava
recebendo assim de maneira tão fácil. Estava sendo alvo de uma consideração elevada
e era mister mostrare-se digno de tal distinção.
Na hora de pagar a
conta José fez menção de pagar a sua parte e o promotor não permitiu.
- Você colega, é meu
convidado hoje. Em outra ocasião a situação é diferente. Hoje é por minha
conta.
- Não haveria problema
algum. O simples prazer de sua comapania vale o preço do jantar.
- Guarde seu dinheiro,
amigo.
- Seja feita sua
vontade.
A conta foi paga e os
dois caminharam algumas quadras até o local em que haviam deixado os automóveis.
Era uma área bem movimentada e no momento não tinham encontrado vaga para
estacionar. Caminharam e continuaram a conversa de antes. Quem primeiro
alcançou seu carro foi José. Despediram-se e ele embarcou, ligou o motor e
depois partiu. O promotor andou mais um pouco e fez o mesmo.
Domingo perto da hora
do almoço José chegou à fazenda e foi recebido por Isabel. Ele lhe deu um beijo
carinhoso na face e entraram em casa abraçados. Assim chegaram diante da mãe e
do pai sentados na sala naquele momento.
- Mas formam um belo
par! Não acha meu veio?
- É sim. Uai! É minha
fia. Tinha que dar nisso!
- Mas quanta vaidade,
pai.
- Bom dia coronel. Bom
dia dona Maria Luisa.
- Dia, doutor.
- Bom dia, - disse dona
Maria Luisa.
- Sente-se, meu bem.
Quer um café ou um refresco?
- Acho que um refresco
vai bem. Está bem quente.
- Nóis tava vendo a
corrida de formula 1. As veis eu gosto de assistir.
- Então o senhor é
chegado em corrida de carros! Eu gosto, mas não sou muito viciado em assistir.
- Tamem não. Mais as
veis eu assisto quando dá no jeito.
- Terminou?
- Indagorinha memo.
Acabaram de derramar o champagne.
- Uma pena! Poderiam
distribuir para o povo tomar um gole.
- Mais isso faz parte
do negócio. Dá o charme.
- Isso lá é verdade. Há
tanto tempo que isso acontece que ninguém ousaria questionar.
- Tanta coisa que se
perde por esse mundão veio que um litro ou dois de champagne não vai fazer
diferença.
- Me passou pela cabeça
agora. Imaginou se fosse café quente?
- Vixi Nossa Sinhora!
Iam se queimar tudo!
- Aí ninguém iria
querer deramar uma gota.
- Nem iria fazer toda
aquela pressão na garrafa.
- Isso mesmo.
Maria Luisa foi pra
cozinha supervisionar a cozinheira na preparação do almoço. Onofre convidou José
e a filha a irem para a varanda. Ali o ar era mais fresco. No verão ele passava
maior parte do dia ali fora. Sentaram-se em confortáveis cadeiras de vime e
realmente se sentiram bem melhor ali fora. Tomaram mais um copo de refresco
enquanto esperavam o almoço. Logo mais a dona da casa chegou até a porta e
falou:
- Vamos para a mesa que
a comida tá servida.
- Já vamo, veia.
- Dia desses vou te
ensiná quem é veia!
- Modo carinhoso di
tratá ocê, muié.
- Tá bom, veio.
- Ela chama eu de veio,
eu chamo ela de veia. Tamo quite, não tamo?
- Esses dois não tomam
jeito. É essa eterna implicância um com o outro.
- Mas eles se amam,
pelo que sei.
- Andem pra mesa de uma
veis.
Levantaram-se e foram
para a sala de refeições. O almoço estava sobre a mesa esperando pelos
comensais. Almoçaram e depois ficaram conversando na varanda. À tardinha, antes
da volta para a cidade, os namorados foram até a pequena vila próxima para
tomarem um sorvete. Voltaram já perto do escurecer. José despediu-se e voltou
para cidade. Tinha compromissos cedo e se ficasse por ali para voltar na manhã,
era provável que se atrasaria. Voltou e no meio da semana era hora de Isabel
viajar para Belo Horizonte. Naquele final de semana seria inaugurada a exposição
na capital. Os quadros haviam sido embalados cuidadosamente e despachados por
trem, com um bom seguro contra qualquer eventualidade. Eram agora um produto
precioso, além de perecível.
O agente estava na
capital desde a semana anterior tratando dos detalhes da instalação. Isabel chegou
quinta feira à tarde e se hospedou no hotel reservado para ela. No sábado havia
uma aglomeração de fotógrafos, jornalistas, cinegrafistas, todos sedentos de
imagens e uma palavra da mais nova celebridade do mundo da pintura. Isabel,
acompanhada de José, enfrentou com galhardia a maratona. Os flashes espoucavam
de todos os lados, microfones eram colocados diante de seus lábios em busca do
registro de alguma palavra dita.
Um esquema de segurança
foi acionado para proteger a artista. Uma multidão de populares ensandecida
queria entrar no recindo. Na primeira noite seria apenas para os convidados de
honra. Os agentes de segurança precisaram usar toda sua força para conter a
massa. Após a abertura os convidados entraram e as portas foram fechadas,
ficando um cinturão de segurança do lado de fora. Ouviam-se de todo lado
exclamações de admiração diante da perfeição dos quadros. Os lamentos foram
constantes diante da informação de que estavam todos vendidos. Seria preciso
esperar a artista produzir mais obras para ser possível adquirir alguma coisa. Ou
então oferecer um valor mais alto que o pago pelos primeiros compradores.
Talvez houvesse quem aceitasse vender.
Foram diversas as
ofertas de somas elevadas por algumas obras. O comprador inicial seria
informado da oferta e se aceitasse deveria se entender com o pretendente. Dessa
vez os ingressos tinham um valor condizente com a fama já conquistada. O número
posto à venda se esgotava rapidamente tão logo eram abertas as bilheterias. A semana
chegou ao final e ficou uma porção de gente sem ter chance de ver as obras.
Tiveram que se contentar com um filme feito pelos donos da galeria e o
entregaram ao canal de TV para exibir num programa cultural.
Ao final da semana o
valor arrecadado em ingressos era bastante alto. As despesas estavam cobertas e
sobrara um bom lucro. No começo de dezembro, dali a duas semanas, seria aberta
a exposição no MAM em São Paulo. Foram dias de atividade quase ininterrupta.
Isabel chegou em casa e foi para o atelier. Queria pintar alguma coisa para
levar junto e poder oferecer a alguém que quisesse muito comprar. Antes de
viajarem para a nova exposição, ficaram sabendo que um dos primeiros
compradores vender aos seus por um preço igual ao triplo do que havia pago a um
industrial de Belo Horizonte. Ele teria que concordar com o transporte dos
mesmos para São Paulo e depois Rio de Janeiro.
Isabel conseguiu pintar
em tempo recorde dois belíssimos quadros. Parecia que a energia represada em
suas mãos e seu íntimo explodira em criatividade. Além dos dois, levou um
terceiro iniciado para terminar durante a exposição. Ficaria em um canto
pintando, permitindo aos visitantes verem ela em ação. Ao término o quadro
seria vendido a quem oferecesse o lance mais alto. Repetiu-se o tumulto na
portaria do Museu na noite da inauguração da exposição. Os dois novos trabalhos
não ficaram sem dono por mais de algumas horas. Houve diversas ofertas pore eles
e uma pequena multidão ficava assistindo a artista pintar.
Fotografias eram
tiradas o tempo todo, chegando a perturbar a serenidade da artista. Aos poucos
se habituou e continuous seu trabalho. Em alguns momentos ela fazia um pequeno interval
e vinha conversar. Quem tinha a sorte de trocar algumas palavras com ela,
ficava realizado. Ganhava um autógrafdo no bilhete do ingresso, em caderninhos
de autógrafos e um pedaço de papel qualquer. Ao final, uma pilha de envelopes
se fez ao lado do quadro que ainda não estava pronto. Os pretendentes faziam
suas ofertas, querendo garantir o direito de serem os donos da obra que todos
estavam assistindo ser pintada.
Ver um pintor em ação
durante a exposição era algo, se não inédito, porém bastante incomum. Dessa forma
a fama da pintora se espalhou por todo país e também pelos diferentes cantos do
mundo. Jornalistas vieram do exterior para ver e mandavam por telex suas
fotografias e textos para publicar nos jornais e revistas. Todos queriam saber
quando os trabalhos seriam levados para Europa, Estados Unidos. Já estava
definida a viagem. Começariam em fevereiro pelos Estados Unidos, depois iriam
para a França, Londres, Milão, Roma, Bohn e finalmente Tóquio. Com isso
transcorreria quase o ano inteiro. Cada evento teria a duração de duas semanas
e mesmo três.
Isabel viajou sózinha,
prometendo vir passar alguns dias no Brasil depois das exposições de Paris e
Londres. Antes de ir para o Japão também haveria tempo de fazer uma pequena visita.
Retornaria definitivamente quando já fosse novembro. Levou consigo seus
apetrechos de trabalho para aproveitar a grande variedade de imagens que teria
diante dos olhos e assim encontrar inspiração para pintar mais alguma coisa.
Dessa forma se manteria ocupada. O que passou a ser integrante dos eventos era
sua demostração de seu trabalho durante a pintura. Em todos os lugares havia
quem quisesse ver o quadro surgindo aos poucos das sussecivas pinceladas.
O ano passou, somando
um evento ao outro. Convites para entrevistas, programas de televisão,
palestras em escolas de artes e museus foram uma constante. Em todas as ocasiões
sua conta bancária saia um pouco mais gorda. Ela nem mais se importava com os
valores. Era tanto dinheiro que ela nem saberia dizer ao certo quanto foi.
Dessa forma chegou novembro e finalmente os quadros, inclusive os pintados no
decurso dos eventos, estavam com ela. Seriam agora enviados aos respectivos
adquirentes em segurança.
Os pertencentes à casa,
após mais de um ano for a de seu lugar, voltaram a ocupar suas posições. A casa
voltou a ser o que era. Quem não era mais a mesma era Isabel. Vivera tantas
emoções naquele ano que não saberia dizer o que for a mais intense. Abraçou os pais
ao chegar e não queria desgrudar deles. José recebera sua cota ao desembarcar
do avião em Belo Horizonte. Ele for a recebê-la no aeroporto e a levara de
carro para Sete Lagoas e depois para a casa dos pais. A primeira coisa que José
providenciou foi um par de alianças. Queria oficializar a relação deles, antes
que ela iniciasse nova série de viagens.
- Por enquanto quero
ficar bem quieta aqui no meu canto. Quero pintar e pintar até não querer mais.
- Se arrependimento
matasse eu estaria morto.
- Por quê, meu bem?
- Eu que fiz a besteira
de colocar você nessa vida de gente famosa. Levei a pior. Ficou famosa e eu fico
aqui esperando você voltar.
- Não vai me dizer que
está com ciumes!
- Um pouco, mas a
saudade é maior.
- Dá logo aqui essas
alianças. Vamos ficar noivos para você não começar a ter um chilique.
- Também não é para
tanto. Mas não é fácil ficar aqui lidando com bandido, assassin e ladrão,
enquanto você viaja pelo mundo.
Isabel chegou perto e
recebeu sua aliança. Depois colocou a outra na mão dele. Um beijo caloroso na
boca selou aquele momento. Onofre pigarreou, avisando que ali não era momento
para demonstrações desse tipo.
- Ih pai! Precisa ver o
que eu vi na Europa, no Japão e por esse mundão de Deus.
- Nós tamo no Brasil,
em Minas Gerais.
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