16. A exposição acontece.
O tempo passara célere
e o dia da inauguração da exposição de Isabel na galeria de arte da cidade
estava próxima. Os últimos dias foram de uma azáfama intensa. Havia uma porção
de coisas lembradas na última hora e requeriam a atenção do responsável pelo
evento. Os álbuns fotográficos dos trabalhos haviam sido enviados para a
capital Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e outros centros culturais de
relevância. Diversos especialistas haviam confirmado presença na dia da inauguração
ou durante os dias em que exposição ficaria aberta.
José Silvério, dois
dias antes da inauguração obteve uma confissão completa e incontestável,
resultando na condenação inapelável do réu. Isso foi motivo de celebração no
escritório. A equipe em peso veio abraçar o mais jovem advogado pela sua
indiscutível habilidade na condução do interrogatório do acusado. Suas anotações
foram imprescindíveis para alcançar o objetivo que tinha em mente. O julgamento
em questão virou peça de estudos e passou a integrar o rol dos processos
famosos. Uma artimanha, um ardil com as palavras certas levara o acusado a se
delatar, tornando, a partir daí, infrutíferas as tentativas dos advogados de
defesa em sequer amenizar a pena.
A sentença foi
finalmente proferida já altas horas da noite. Toda equipe de acusação, bem como
defesa e jurados estava exausta. Foi com um suspiro que todos ouviram o juiz
pronunciar os termos condenatórios e por fim encerrar a sessão. O réu, agora
condenado, foi conduzido à carceragem, de onde seria recambiado para a
penitenciária em Belo Horizonte. O promotor junto ao qual José Silvério atuara
na acusação, apertou calorosamente a mão do assistente. Em seguida falou:
- Doutor! Lhe devo um
enorme favor.
- Por quê o senhor me
deve algo?
- Se não fosse a sua
habilidade com as palavras, estaríamos agora vendo o passarinho sair voando
livre e desimpedido. Nunca mais o pegaríamos. Assim ele vai ficar uma boa
temporada engaoiolado.
- Nada não, doutor.
Apenas usei as palavras de maneira correta. O resto ficou por conta dele.
- Essa é a questão
exatamente. A forma como usou as palavras, como colocou a pergunta, induziram
ele em contradição. Quando viu o que tinha falado, não havia mais como
retornar. Caira na armadilha e foi só apertar o laço.
- Foi para isso que
estudei tanto tempo, me preparei para o exame da OAB. Na última semana passei
horas me debruçando sobre os autos do processo até encontrar o ponto que
procurava. Preparei as minhas questões, prevendo possíveis respostas evasivas e
joguei a isca. O peixe caiu direitinho.
- Será meu convidade
para jantar no melhor restaurante num dia desses. Eu ligo para combinarmos.
- Eu aproveito para lhe
convidar a visitar a exposição de pintura de uma amiga muito querida. A
inauguração é sábado na galeria e vai até o outro domingo.
- Mas ela já tem alguma
fama, ou é iniciante?
- Primeira exposição.
Mas tem mais de cem quadros pintados desde cedo. Enquanto fazia o curso de
pintura pintou os primeiros trabalhos e evoluiu gradativamente.
- Gente da terra?
- Filha de um cafeeicultor
do município.
- E o pai no mínimo foi
seu cliente! Estou certo?
- Foi sim e eu trouxe
uns quadros para o especialista ver. O resultado foi que o homem ficou
encantado. Na galeria vai ser possível ver todo o crescimento artística da
moça. Vale à pena conferir.
- Sou apreciador e até
entendo um pouco do assunto. Vou ver sim e, se possível, adquirir um ou dois
para minha coleção particular. Podem vir a valer um bom dinheiro se ela se
tornar mínimamente famosa.
- Fique à vontade. Ela
vai adorar saber que há quem aprecie as suas pinturas.
- Nos veremos na
exposição e semana que vem lhe ligo para marcarmos o jantar.
- Será um prazer
doutor.
- Somos colegas,
doutor.
- Boa noite. Vou
descansar. Amanhã ainda tenho umas audiências pela manhã e à tarde para variar.
- Vá com Deus, amigo.
José Silvério foi para
a porta de saída, levando em sua valise os papéis que levara para usar no
julgamento. Guardaria aquele material como relíquia. Tivera uma atuação
brilhante mesmo. Sentia que esse momento ficaria marcado em sua vida
profissional. Ao chegar em casa a mãe estava preocupada com sua demora. Habitualmente
ele chegava mais cedo ou então lhe ligava avisando que iria se atrasar. Estando
no recinto do juri não havia possibilidade de sair nos momentos mais críticos
da sessão. Somente ao terminar pudera sair. Nem se dera mais ao trabalho de
procurar um telefone público. Em minutos estaria em casa.
Precisou esclarecer o motive
de tudo. Ao saber de tudo a mãe ficou exultante. O seu filho estava atingindo o
sucesso que procurara com tanta dedicação e empenho. Em pouco tempo seria
olhado como advogado de gabarito. Todos os sacrifícios que ela e o pai haviam
feito durante os longos anos de estudos na capital, estariam sendo
recompensados. Serviu-lhe o jantar e ele sentou-se para comer. A mãe era toda
solicitude e desvelo. Chegava ao exagero. Sua irmã se estivesse ali ficaria
enciumada. Voltaria em pouco tempo do cinema onde for a com o namorado.
Logo o pai veio da sala
de televisão e conversaram, ficando também ele satisfeitíssimo com o desempenho
do filho.
- Pelo jeito você está
chegando no topo, meu filho.
- Ninguém no escritório
quis pegar essa causa de hoje. Julgavam tempo perdido conseguir a condenação do
acusado. Agora que está superado, o problema parece fácil. Na hora não foi
brincadeira. Bastaria uma palavra errada, uma entonação titubeante, e ele me
escaparia.
- Mas então estamos
diante de um advogado de alto gabarito. Isso merece uma comemoração. Traz aí um
vinho.
- Que é isso pai? Não precisa.
Se eu beber agora, amanhã não levanto cedo.
- E uma taça de vinho
vai fazer o que? Vai te fazer dormir melhor.
Em instantes uma
garrafa de bom vinho teve a rolha retirada e as taças foram servidas.
Levantaram um brinde:
- Ao mais novo e famoso
advogado de Sete Lagoas!
- E aos melhores pais
do mundo!
Os cristais tilintaram
e todos beberam um gole do vinho. José continou comendo enquanto os pais
ficaram ali, dando sinais de sentirem um orgulho enorme pelo desempenho dele. Quando
estava terminando de jantar, chegou a irmã. Ao ver o vinho aberto quis saber o motivo
da comemoração.
- Seu irmão hoje subiu
mais um degrau na fama entre os advogados da cidade. Conseguiu a condenação
daquele assassin que todos diziam que seria absolvido. Foi a habilidade dele
que fez a diferença.
- Deixe-me abraçar esse
homem famoso. Parabéns mano. Eu sabia que iria ficar famoso logo.
- Você também vai
chegar lá.
- José, esse é Luiz
Carlos, meu namorado.
- Olá cunhado! Tudo bem
com você?
- Tudo ótimo. Parabéns
pelo sucesso.
- Obrigado, Luiz
Carlos. Precisamos nos conhecer melhor.
- Vocês vão ter tempo
para isso. Ele vai estar por aqui frequentemente.
- Gente! Estou exausto.
O dia foi longo e cansativo. Vou tomar um banho e dormir. Tenho que levantar
cedo amanhã.
- Durma bem, José.
Depois de um gole de vinho e bom janta, vai dormir igual um bebê.
- Estou precisando. Boa
noite a vocês. Sua bênção pai e mãe.
- Deus lhe abençoe,
filho, - disseram os pais em uníssono.
- Boa noite mano. Durma
com os anjos.
Foi para seu quarto e
alguns minutos depois terminava de tomar uma ducha refrescante. Vestiu o pijama,
conferiu sua agenda do dia seguinte e deitou par adormir. Elevou o pensamento a
Deus pedindo que a exposição de Isabel fosse um sucesso, assim como sua vida
pessoal estava virando um sucesso brilhante. Bastaria um empurrão inicial para
fazer decolar a carreira da mulher que ele amava em silêncio. Mesmo assim fazia
tudo que fosse possível para que ela alcançasse um lugar no mundo artístico.
As audiências da
sexta-feira eram preparatórias de julgamentos posteriors. Em ambos os casos ele
atuaria como advogado de defesa. O promotor que no dia anterior estava ao seu
lado, estaria na acusação e tentariam medir suas forças intelectuais.
Esforçou-se por conseguir o julgamento mais justo possível do seu cliente. Não
concordaria em provar inocência de réu confesso, pois isso iria contra as suas
convições. Faria o possível para que no dia do juri o acusado recebesse a
melhor defesa possível, dentro dos termos da lei. As duas sessões não foram
demasiadamente cansativas e ainda cedo estava em casa. De seu quarto ligou para
a fazenda, pedindo para falar com Isabel.
Foi informado de que ela estava na cidade,
para cuidar dos últimos detalhes da exposição. Coronel Onofre e a mãe viriam no
dia seguinte para a inauguração. Pediu o hotel onde estava hospedada e depois
ligou para lá. Em instantes ouviu a voz querida dizendo:
- Alo!
- Isabel!
- Sim, sou eu.
- José Silvério. Está livre
daqui a pouco?
- Tenho um compromisso,
mas é rápido.
- Aceita jantar comigo?
- Onde?
- No lugar que você
quiser. Preciso contar umas coisas e desejar sucesso amanhã.
- Daqui a uma hora
estarei esperando. Pode ser?
- Passo aí lhe pegar.
Vamos comer uma comidinha muito fina.
- Vou ir agora, para não
me atrasar.
- Até depois então.
Os telefones foram
desligados e José cuidou de seu banho, caprichou na barba, dando um último
retoque. Usou um perfume suave que ele descobrira ser do agrado de Isabel.
Vestiu-se com esmero, sem ostentação. Avisou a mãe de que iria jantar fora. Ela
quis saber com quem e ele desconversou. Ficou imaginando quem seria a companhia
de seu filho. Será que ele estava sendo tão inteligente na escolha da mulher como
se mostrava nos tribunais? Decidiu deixar isso nas mãos de Deus. Esperaria o
tempo passar e veria no que isso resultaria. O filho era adulto, profissional e
saberia tomar conta de sua vida. Não era mais o seu bebê, como muitas vezes se
via no dia a dia.
Assistiu um pouco de
televisão, vendo um jornal local e depois embarcou em seu automóvel, indo
buscar Isabel. Ela acabava de chegar do compromisso de última hora que tivera
que dar atendimento. Era na verdade uma entrevista a uma equipe de jornalismo
da televisão e radio, sobre os seus quadros que seriam expostos na galeria. Mal
teve tempo de ir até o seu apartamento pegar uma blusa leve para se proteger do
ar mais frio da noite. Desceu e falou:
- Podemos ir, doutor.
- Não me chame de
doutor, Isabel. Para você sou José.
- Então José, podemos
ir.
- Assim está melhor.
Apenas José.
Embarcaram no automóvel
e foram a um dos restaurantes mais refinados da praça. Ele usare o telefone do
quarto para fazer uma reserva de última hora. Graças a Deus conseguira.
Chegaram, ele entregou as chaves a um manobrista e conduziu Isabel para a
entrada do estabelecimento. Ela ficou maravilhada com o luxo da instalação.
Nunca estivera em um restaurante desse nível. Mesmo sendo filha de quem era. O
pai não ligava para isso.
- Aqui você vai conhecer
um pouco da alta sociedade de Sete Lagoas, Isabel.
- Que chique! Quanto
luxo! Dá até medo de entrar e sujar.
- Nem se preocupe. Tem
gente para limpar tudo depois. Para isso a gente paga. Tudo isso está incluido
no preço dos pratos.
- Mas que dá pena, isso
dá.
- Vamos ver nossa mesa.
Está reservada. Deve ser aquela ali.
Nisso um garçom se
aproximou e perguntou se poderia ajudar.
- Reservei uma mesa
para duas pessoas.
- Seu nome?
- José Silvério.
- Ah! O doutor José
Silvério! Sua fama já chegou por aqui. Seja bem vindo a nosso estabelecimento. Por
aqui.
Levou o casal até a
mesa cuidadosamente posta à sua espera. Quando ligara o gerente imediatamente
ligara o nome ao julgamento do dia anterior e eixigira dos subalternos o máximo
de esmero no serviço.
- Sentem-se por favor! –
disse o garçom puxando as cadeiras.
- Obrigada! – falou Isabel
sentando.
Na mesma hora surgiu
nas mãos do garçom o cardápio e colocou um exemplar nas mãos de cada um deles. Ao
mesmo tempo perguntou:
- Aceitam a entrada da
casa para hoje?
- Podemos testar para
ver se faz jus à fama, não acha Isabel?
- Por mim pode ser.
- Pode trazer. Enquanto
isso examinamos o cardápio.
- Com sua licença, - e
o servente se retirou em busca das entradas.
- Está ficando famos,
doutor, alias José.
- Consequências do
trabalho. Não tem como não ficar conhecido. Prefiro ser conhecido e famoso por
fazer coisas boas do que por outros motivos.
- Não resta dúvida. Eu
estou nervosa até o último. Não vejo a hora de terminar a inauguração. Nos
outros dias tudo vira rotina, mas no primeiro é um sufoco.
- Por isso eu lhe
trouxe aqui hoje. Precisa pensar em coisas diferentes e bonitas. Boa comida e
bebida ajuda a deixare a cabeça em melhores condições.
- Tomara que isso me
ajude. Aquela entrevista foi de fazer suar. Me senti flutuando diante das cameras,
microfones e tudo isso.
- Depois você acostuma
e vira rotina também.
Nisso o garçom chegou
trazendo as entradas. Eles haviam escolhido para prato principal salmão,
acompanhado de aipim, saladas e tempero leve. Não queriam complicações
digestivas para o dia de sábado. Enquanto eles comiam os petiscos da entrada e
degustavam uma tacinha de aperitivo à base de maracuja, o garçom providenciava
os pratos. José Silvério, aproveitou para perguntar:
- Isabel! Se seu pai
concordar, você aceita ser minha namorada?
- Assim de repente? Não
posso pensar um pouco?
- Eu pedi a seu pain a primeira
visita, mas cometi o erro de levar cigarros e fósforos. Ele aceitou um cigarro.
Eu gastei dois palitos de fósforos para acender o dele e outro para mim.
- Já sei o que
aconteceu. Ele lhe chamou de perdulário. Onde já se viu gastar dois palitos de
fósforos se havia fogo na lareira.
- Mas ele contou isso?
- Não. Eu conheço a
figura. Ele é sovina como todo mineiro que se preze.
- Bem, se ele tivesse
lhe contado eu iria ficar envergonhado. Mas acho que já posso provar a ele que
não vou lhe fazer passar fome depois de casados.
- Isso só poderia vir
de papai. Ele logo pensa em penúria, passar fome e essas coisas. Mas esse é
assim e não muda nunca.
- Eu agora tenho uma
posição ótima no escritório, estou ganhando notoriedade profissional. Ganho bem
e então vou poder dar a você a vida que merece.
- Então esses meses
todos você está esperando a hora para falar comigo?
- E eu iria querer
afrontar o coronel?
- Não lhe ocorreu que
eu poderia pensar diferente?
- Espero não tê-la
ofendido.
- Ofender não, mas
poderia ter falado comigo antes disso. Eu também fiquei balançada quando lhe vi
a primeira vez ali no escritório. Mas pensei que um advogado da cidade não iria
querer saber de uma moça da fazenda.
- Ah! Sim senhorita.
Uma moça da fazenda que pinta quadros lindíssimos e logo vai alcançar fama no
mundo das artes.
- Se conseguir vender
meus quadros, ganhar alguma coisa com eles já me sinto contente. Nem almejo
fama.
- Escreva o que estou
falando. Vou querer garantir minha vez nessa fila antes de os gaviões das
capitais colocarem os olhos na sua beleza.
Os pratos pedidos
chegaram e a conversa foi interrompida. O mais importante agora era saborear o
sabor do excelente peixe, com o aipim, um crème de legumes, saladas de tomates
e alfaces. Para completar pediram um vinho branco de boa procedência. A refeição
demorou quase duas horas, desde a hora da chegada até o final. Às 22 h e 15
minutos eles estavam saindo. O vinho que tinham bebido não era dos mais fortes
em teor alcoólico e seu efeito já estava terminando. José levou Isabel até a
portaria do hotel e antes de se despedir repetiu a pergunta:
- Você aceita?
- Aceito, José.
Desculpe. Nossa conversa lá no restaurante me fez esquecer de dar a resposta.
- Sempre é tempo,
querida. Posso lhe dar um beijo de boa noite?
- Aqui em público?
- Apenas no rosto, é
claro.
Ela aproximou o rosto e
ele depositou um beijo suave nas us face. Depois levou a mão aos lábios,
beijando-os também.
- Boa noite e durma
bem. Quero você deslumbrante amanhã.
- Vou fazer o possível.
Chegou a hora da
inauguração. As horas do sábado correram depressa e ao se darem conta era hora
de estar a postos para a cerimônia. Uma pequena multidão de fotógrafos,
cinegrafistas e reporteres estavam presentes. A fita inaugural foi cortada por
Isabel, auxiliada pelos pais. Em seguida os convidados de honra, autoridades,
pintores, escultores e outros expoentes do mundo artístico puderam apreciar em
primeira mão os quadros. Estavam dispostos traçando a trajetória da artista e a
cada passo os visitantes ficavam maravilhados com a clara evolução da técnica.
A cada obra o traço ficava mais definido, as cores se fundiam e destacavam ao
mesmo tempo, formando um conjunto de uma harmonia incrível. Um coquetel foi
oferecido aos convidados e depois a galeria foi fechada. Seria aberta no dia
seguinte às 14 horas e ficaria aberta até às 22horas.
Seria a vez dos
visitantes com ingressor, vendidos a preços pouco mais que simbólicos. Dariam,
se houvesse um afluxo razoável, para cobrir os custos gerais do evento. Os dias
seguintes foram uma verdadeira roda-viva. Os quadros começaram a ter propostas
de compra que foram recebidas. No final seriam abertos os envelopes e levaria a
obra quem oferecesse o valor mais alto. Desde já ficava reservado à artista o
direito de levar os trabalhos, mesmo os vendidos, para a exposição que seria
organizada no mes de dezembro em Belo Horizonte. Ao chegar a hora de encerrar,
havia uma bela pilha de envelopes com propostas pelos diversos trabalhos.
Incluindo o último,
pintado especialmente para a exposição, todos eles tinham propostas de compra.
Fariam a abertura na segunda feira. Depois seria feita a comunicação aos
vencedores. Uma porção de escolas levaram os alunos para ver a exposição, sendo
que foi feito um acordo para permitir o acesso aos alunos dos estabelecimentos
mais carentes. A entrada era franca. O afluxo de visitantes era constante
durante todas as horas de abertura da galeria. Assim, o valor arrecadado na
venda dos ingressos cobriu folgadamente as despesas e os quadros foram
arrematados em sua totalidade por valores até cinco vezes superiors ao mínimo
que haviam estabelecido.
O organizador ficou
radiante. Assim ganharia uma bela comissão e teria em mãos uma jóia rara. Levaria
seus trabalhos para Belo Horizonte e depois para São Paulo, Rio de Janeiro,
Salvador e outras capitas. Talvez até para o exterior, se fosse possível reunir
todas ou bom número dos trabalhos. Entre os compradores havia inclusive
representantes do exterior. Um colecionador francês havia adquiriro dez dos
mais bonitos e queria que o acervo todo fosse levado para França no momento
oportuno.
Os adquirentes ficaram
muito satisfeitos e concordaram em ceder temporáriamente as obras para integrar
exposições em diversos outros centros artísticos. Isso significaria uma grande
valorização para o seu investimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário